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29.12.11

Resenha - SOLANIN #01





Okaeri, leitores-san!

Repararam que o blog ganhou um novo visual? Aproveitei essa época de festividades e virada de ano para engrenar uma "nova fase" ao blog, dando seguimento às postagens de maneira bem mais regular, e para dar uma "animada" no layout do YK. Ainda falta um banner (alí pro topo da página) para fechar o novo visual, mas espero que a mudança tenha agradado desde já!

Novos rumos e novas oportunidades. Essas são palavras que também rondaram o mercado de mangás brasileiro em 2011 e que, muito provavelmente, devem continuar a se fazer presentes em 2012. A Panini Brasil se comprometeu a não cancelar mais mangás lançados por aqui, firmando essa credibilidade por meio do lançamento do mangá Record of Lodoss War: Dama de Pharis #02 após longos três anos de hiato; a Editora JBC deu continuidade ao mangá Neon Genesis Evangelion (no formato meio-tanko), antes cancelado pela Conrad/IBEP, inclusive com seu relançamento em formato tankobon (apesar da qualidade lastimável); e a editora NewPOP trouxe ao nosso mercado novas obras do consagrado "pai dos mangás" Osamu Tezuka, como Metropolis e Dororo; além de diversos outros "avanços" que vocês acompanharam por aqui ou pelos blogs parceiros (na barrinha alí à direita) ao longo desse ano.


De fato, temos que reconhecer que 2011 foi um ano bem próspero para os mangás aqui no Brasil, embora todo esse processo não seja matéria suficiente para afirmarmos que o mercado nacional está evoluindo. Atrasos demasiados e inexplicados, folhas transparentes, estrutura física de baixa qualidade e adaptações duvidosas, entre tantos outros males (como distribuição dos mangás fora do eixo Sul-Sudeste e os canais de comunicação entre leitor/consumidor & editoras), figuraram, infelizmente, como principais impecílhos a um desenvolvimento mais satisfatório de nosso mercado de mangás. Não é querer que as edições "comuns", destinadas às bancas, sejam tratadas de igual maneira às edições de "luxo", mas, sim, almejar que os próximos lançamentos (principalmente as bombas que chegarão em 2012!) saiam com padrões aceitáveis de qualidade, semelhante aos volumes dos mangás Basilisk e Air Gear, ambos lançados este ano pela Panini.


Podemos citar, nesse sentido, os esforços da NewPOP nos últimos dois ou três anos, com os lançamentos de God Save The Queen (volume único), Hetália e K-ON como material para bancas de revistas. Os referidos títulos apresentam papel off-set, capa cartonada (mais resistente quando comparada àquelas das concorrentes), miolo costurado e, com excessão de God Save The Queen, ainda vinham com páginjas coloridas! Por essa maior qualidade, entretanto, os preços "dispararam" e passaram a flutuar entre R$ 14 e R$ 20. A fim de amenizar esse impacto negativo do preço sobre as vendas, adotar uma "estratégia" de vendas adotando periodicidade de lançamento mais espaçada, aliada ao apelo que os títulos em si tinham sobre os potenciais compradores, garantiu - acredita este que vos fala - o bom retorno que a NewPOP aferiu da venda destes mangás (Hetália e K-ON).

E o que toda essa história tem a ver com o post? A L&PM Editores, conforme havia sido divulgado desde o primeiro trimestre do ano, criou o selo L&PM Pocket Mangá e realizou sua estreia (em grande estilo, vale frisar) no último mês de novembro com duas grandes obras: Aventuras de Menino (ou Bouken Shounen, de Mitsuru Adachi) e SOLANIN, do mangaká Inio Asano. Devido ao padrão já conhecido das publicações da editora, criou-se muitas expectativas sobre a qualidade técnica (estrutura física + tradução e adaptação) do produto, e o resultado não poderia ser diferente.


Ainda há alguns comentários que gostaria de tecer a respeito do custo x benefício, consequência do upgrade que tanto clamam em diversos blogs, inclusive a maioria dos parceiros do YK, mas isso ficará para uma outra oportunidade (não tão longínqua, acredito). Então, sigamos em frente e falemos sobre o mangá em si: SOLANIN #01


       NO JAPÃO       

Roteirizado e desenhado pelo mangaká Inio Asano, Solanin foi serializado entre os anos de 2005 e 2006 na revista japonesa Weekly Young Sunday, da editora Shogakukan, totalizando dois volumes encadernados.

Em 2010, a obra ganhou uma versão televisiva (live action) com a presença da atriz Aoi Miyazaki (que já havia interpretado a Komatsu Nana no filme NANA), vivendo o papel da protagonista Meiko Inoue, e do diretor Takahiro Miki.

Internacionalmente, o mangá Solanin teve publicações nos EUA, na França, na China e, mais recentemente, aqui no Brasil! =]


       O MANGÁ       

É difícil definir, ou melhor, delimitar um tema que defina o conteúdo de SOLANIN. Esta, sem sombras de dúvida, foi a maior dificuldade que encontrei para conseguir redigir essa resenha. Não há como resumir em poucas linhas o leque de assuntos que Inio Asano aborda nessa obra - de maneira muito competente e com a proeza de, ainda assim, passar uma leitura fluida ao leitor.

Depois de muito pensar a respeito, talvez possa simplificar que o mangá diz respeito ao "amadurecimento" (passagem da juventude para a vida adulta e suas implicações) e à (falta de) realização de sonhos. Somos apresentados ao jovem casal Meiko Inoue e Naruo Taneda, namorados há seis anos e que dividem o mesmo teto há cerca de um ano. Ambos pertencem a famílias oriundas da provincias mais afastadas do centro, mas decidiram morar em Tokyo após (?) concluírem a faculdade.

Meiko trabalha como "assistente" numa empresa de equipamentos para escritório, fonte esta dos recursos necessários para manter uma vida a dois com seu namorado. Por outro lado, os afazeres e as pessoas com os quais trabalha são as principais fontes de inquietação e insatisfação, mas, por Taneda trabalhar sem "carteira assinada" e ganhar um baixo salário como ilustrador de jornais e revistas, Meiko se força a continuar no atual emprego...

Pelo menos até o dia no qual, meio "desprevinido", Taneda assume a responsabilidade de segurar a barra enquanto sua namorada não arrumar um trabalho que a faça se sentir realizada. Daí pra frente vemos o casal passar por momentos difíceis e bem delicados em sua slice of life.

Outro marco para o desenvolvimento do mangá é quando a Meiko, depois de uma boa conversa com sua amiga Ai Kotani, resolve incentivar a realização do sonho de faculdade de Taneda: viver profissionalmente de música. A banda já existe desde o tempo da garduação, composta, além do namorado da Meiko, por Jiro "Billy" Yamada e por Kenichi Kato, sendo estes dois últimos grandes amigos do Taneda.

A propósito, abrirei um breve parenteses aqui. É incrível a capacidade do mangaká de desenvolver suas ideias para trama principal utilizando-se dos personagens coadjuvantes. Não há sinais evidentes de "protagonismo" em Solanin: momentos de alegria, de tristeza, de dúvida e de reflexão estão presentes na vida das pessoas. Sem distinção.

Voltando à banda. É a partir desse incentivo à carreira musical que somos apresentados ao universo musical. Devido ao espaço da obra, as críticas a esse mercado não se estendem muito, mas estão bem claras nas páginas do mangá. Não sei se por esse motivo, mas ao terminar de ler esse primeiro volume de SOLANIN fiquei com o mesmo sentimento de quando lia NANA (mangá da Ai Yazawa, publicado pela Editora JBC), o que, para mim, é um ponto positivo.

Os três últimos capítulos trazem o lado mais triste e sofrido de todo o mangá, inclusive o (excelente) gancho para o próximo (e último) volume da série. Quem acompanha(ou) nacionalmente o mangá NANA, com certeza sentirá a semelhança e torcerá para que o desfecho seja diferente. Para evitar spoilers tão incisivos, pararei por aqui.

Tanto o roteiro quanto a narrativa do mangá favorecem a leitura. Os fatos vão acontecendo de maneira bem gradativa e de modo a nos deixar convictos que tinha que ser daquele jeito (completamente diferente do que se vê no mangá Next Dimension, por exemplo). Mas, ao mesmo tempo, é um mangá que nos faz pensar, refletir sobre como estamos e o que poderíamos fazer, sem que isso soe como uma lição de moral ou como declarações piegas.


Recomendo o mangá, de verdade, ao público seinen e josei. Jovens homens e/ou mulheres com 20+ anos, que concluíram a faculdade e/ou estão em busca da felicidade, liberdade e independência. Vale dizer que esta recomendação não é exclusiva, apenas preferencial.



       A VERSÃO BRASILEIRA       

Marcando a entrada da L&PM Editores no mercado nacional de mangás, Solanin é publicado através do selo L&PM Pocket.

A presente edição, que remete ao mês de novembro, segue a qualidade dos demais pockets da editora, "presenteando"-nos com folhas em papel off-set, impressão de qualidade, capa cartonada e miolo colado & costurado. O preço é R$ 15,00, a periodicidade mensal e a tradução ficou a cargo de Adriana Kazue Sada, mais conhecida entre os "otakus" como Drika Sada.

Apesar da L&PM Pocket estar presente na maioria das bancas de revista convencionais, pelo menos aqui no Recife, não encontrei o mangá nas bancas. Devido ao público-alvo da série e ao lançamento direcionado, muito provavelmente, às livrarias, foi difícil comprar Solanin até nas comic shops daqui. Para minha salvação, consegui adquirir o mangá na Livraria Cultura "física" e em sua loja virtual (nesta última opção, também é possível encomendar seu exemplar na Livraria Saraiva, no próprio site da L&PM e nas mais famosas comic shops).

Particularmente, achei a "capa de trás" (que seria a da frente em obras não-japonesas) relativamente poluída. Há muitas informações, o tamanho da letra (apesar de não ser tão grande) poderia ser menor e o texto não-justificado me deu uma sensação de falta de organização. Sei que são elementos de menor importância, mas deixo aqui minha humilde opinião aos responsáveis pela edição das capas.

No geral, analisando o contexto completo da publicação, talvez apenas alguns poucos décimos de ponto sejam descontados pelos fatores acima citados. A prévia divulgação dos títulos, o trabalho de informação dos leitores pouco familiarizados com mangás, o cumprimento dos prazos estipulados, a comunicação clara e aberta com os consumidores e, claro, a qualidade da série escolhida juntamente ao excelente trabalho técnico (edição, adaptação e o "corpo" do mangá) são fatores que marcarão a nós, consumidores do mercado de mangás, fazendo-nos anseiar pelos novos lançamentos que a L&PM Pocket planeja para 2012.

Por tudo aqui citado, repito: SOLANIN é mais do que uma indicação, é praticamente uma obrigação dos fãs dos quadrinhos japoneses consigo mesmo. E, aproveitando a deixa, deixo expresso meus parabéns à editora por seu profissionalismo (que muito falta às concorrentes).

Para quem ainda não comprou, compartilho o link da própria L&PM, onde é possível ler algumas páginas do mangá gratuitamente, além de adquirir o título se este for do seu agrado. Outra possibilidade de compra é através do site da Livraria Cultura (encomendado diretamente a uma das lojas, se houver alguma na sua cidade).

14 comentários:

  1. Concordo com o Ikari. Solanin é obrigatório. Tanto pela qualidade do manga em si (historia e arte), quando da edição da L&PM (que deu um show de qualidade).
    O ponto negativo é a distribuição. Realmente não achei em banca, mesmo naquelas grandes de São Paulo que tem os demais lançamentos da L&PM.
    Encomendei o primeiro, junto com o Aventuras de Menino, do Adachi Mitsuru, em uma grande livraria em São Paulo, e o segundo comprei na Loja da Comix.
    Mas ambos os lançamentos valem cada centavo.
    Espero mesmo que venda muito bem e a L&PM se empolgue em trazer mais mangas desse nível.

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  2. Que bom que o Yon Koma voltou! (^-^*) O novo visual tá muito bonito e bem mais fácil de ler. Só acho que você podia colocar o "leia mais" no blog, não? Suas postagens são tantas e tão extensas que a barra de rolagem fica miudinha!

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  3. Ainda não encontrei Solanin por aqui (Pelotas, Rio Grande do Sul), mas procurei apenas em bancas, e como você falou, é um produto destinado à livrarias. Mas caso eu ache, vou comprar, sim!

    Ah, já ia esquecendo de comentar... que ótima análise! Texto bastante completo e muito agradável de ler, se é que você me entende, hehe!

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  4. @Nee-san
    Fico feliz por ter conquistado mais uma leitora fiel ao blog! =] A propósito, já tentei colocar esse "leia mais", mas só consegui em outra plataforma (wordpress. Aqui no Blogger não sei como! =/

    @Submarino
    Poxa, sério que vc é do RS e não encontrou os mangás por aí? A L&PM tem a sede no teu estado! rs

    @Maurício
    Juro que enquanto escrevia a resenha (uns 3~5 dias @__@) lembrava de você! Como fã de estórias de qualidade, sobretudo seinens, tinha certeza que vc aprovaria o lançamento de Solanin! =D


    Ao final, só me resta agradecer a perseverança de vocês em acompanhar esse blog que tanto sofre com minhas situações "offline". E, claro, pelo incentivo (aka. comentários) que me dão! ;)
    Obrigado!

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  5. @Ikari387

    É que, mesmo eu querendo ler, não procurei muito. E como disse, só procurei em bancas mesmo, hehe.

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  6. Pensou certo, Ikari! Pra você ter uma idéia, já tinha lido o Solanin online, mas quando a L&PM anunciou, dei saltos de alegria. Fiz questão de ter os dois volumes comigo e reler com gosto. A tradução e adaptação também ficaram muito boas. Ponto pra L&PM.
    E o Aventuras de Menino? Você vai resenhar?
    Esse é outro que eu recomendo, e que também já tinha lido. Nunca tivemos nada do Adachi Mitsuru no Brasil e acho que já passou da hora de alguém publicar alguma de suas séries mais longas. Esse preconceito com os mangas de baseball é pura besteira. A história e a arte do cara são maravilhosas.

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  7. Hehehe. Aventuras de Menino eh um dos proximos ~resenhados~ sim! Mas talvez demore um pouco... estou tentando fechar alguns simbolismos que eu acho que vi! xD

    Minhas opinioes sao as de um leitor com primeiro contato com os mangakas, afinal, nao conhecia nenhum dos autores que a LePM lancou.

    Espero que venham obras do mesmo estilo. Ja sabemos que vem Monster e 20th Century Boys (ambos do Urusawa) - tah, oficializarei esse anuncio num post logo mais, hehe.

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  8. Também já li o 20th century boys, e simplesmente virei fanboy do Urasawa. Aceito qualquer porcaria que ele faça, mesmo que seja impresso em papel de pão. O cara é gênio.
    O anúncio da vinda desses mangas abortou o processo de compra da versão em inglês. Eu já coloquei e tirei do carrinho da Amazon uma centena de vezes, mas ainda não tinha orçamento para tanto.
    Quando ao Adachi Mitsuru, o forte dele são os mangas de esporte, especialmente de baseball. Recomendo Touch, H2 e Cross Game.
    Seu último trabalho (Q & A) está saindo a passos de tartaruga, mas também é interessante. O Maximum Cosmo tem ótimas resenhas dos mangas dele.

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  9. Eu estou apostando muito na L&PM por ter entrado no mercado de mangás com duas ótimas obras. Solanin é lindo mesmo.

    Suzi

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  10. Ikari, tenho uma edição sobrando do Deadman Wonderland 3, lacrado no plástico, e gostaria de doar para alguém. Pensei em oferecer via sorteio no seu blog. Você gostaria de me ajudar nisso? Já tentei fazer isso com outros dois blogs, mas nenhum se interessou. Se você puder, me responda no email mauriciocz@gmail.com.
    Obrigado pela atenção.

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  11. @Mauricio

    Sinto muito pela demora na resposta, mas estou com algumas "pontas soltas" na "off-life" que não estão permitindo que dê a atenção devida ao blog nem as redes sociais. Até o twitter eu vim atualizar um pouco só esses dias...

    Eu não veria problema - se a oferta ainda estiver de pé - em realizar o sorteio. Bastaria apenas verificar como seria a questão do envio/frete.

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  12. pow Ikari feio, volta para o cpt...

    to tentando entrar no grupo again !

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  13. e ai, vamos voltar e criar o ONIANIMES ? kkkkkk


    vamos tentar sacudir o animers... xD

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  14. Hahaha! Agora eu é que peço desculpas na demora. Acabei não olhando nos comentários esperando um email seu.
    Bom, a oferta continua de pé, sim. Como eu não sei fazer esses sorteios via internet e tal e não tenho nenhum blog próprio que atraia visitantes, queria muito fazer através de um blog que naturalmente atraia visitantes interessados em manga.
    Com relação ao envio/frete, eu mesmo me encarrego do envio, sem custo pra ninguém. Basta você fazer o sorteio e me passar os dados do ganhador.
    Então, é isso. Vou olhar com mais atenção a sua página de comentários, embora eu não ache a melhor forma de mantermos contato. Se puder, responda no email, ok?

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